Estudantes de escolas públicas conseguem vaga em Harvard
Tábata Pontes é filha de um cobrador de ônibus e de uma vendedora de flores. João Henrique leva uma vida simples na zona oeste do Rio.
Tábata Amaral durante entrevista para o Fantástico; no detalhe a Universidade de Harvard (Foto: TV Globo/Reprodução/ In: Correio da Bahia, abril/2012)
Tábata Amaral de Pontes, aos 13 anos dizia: “Não tem o que estudar em
matemática, porque é mais pensar na hora, raciocinar na hora”. Agora,
aos 18 anos, ela conta como recebeu a notícia de que conseguiu uma vaga
em Harvard. “Eu chorei duas horas seguidas. Eu perguntei se era verdade,
liguei para as pessoas, perguntava: mas será que é trote?”.
Tábata Amaral de Pontes, filha de um cobrador de ônibus e de uma
vendedora de flores, passou para Harvard e outras cinco universidades
americanas. Ela estudou em escola pública durante todo o ensino
fundamental. Chamou a atenção de professores, ganhou uma bolsa de
estudos e viajou pelo mundo para participar das Olimpíadas Mundiais de
Astronomia e Química. “O que cresci naquela semana foi incrível”, diz.
João Henrique também está rindo à toa porque passou para Harvard.
“Quando soube eu perguntei se era de verdade. A pessoa confirmou, disse
que ia me passar um email, uma carta”, conta.
O jovem leva uma vida simples na zona oeste do Rio de Janeiro. O pai,
Andrés Vogel, é espanhol, professor, e ensina uma lição e tanto. “O
maior e o melhor investimento que uma família pode fazer é na educação
do seu filho, porque a única herança verdadeira que a gente deixa para
os nossos filhos é seu caráter, sua formação educativa”.
João Henrique nunca teve média menor que oito na escola. Apesar do
currículo impecável e dos muitos prêmios, ele garante que leva uma vida
normal, e que isso foi um fator decisivo na hora de ser selecionado para
Harvard. “O que eu acho que contou para mim foi eu ter feito teatro,
atividade comunitária, olimpíadas cientificas, eu não sou um cara que só
estuda. Eles não querem este tipo de pessoa”, diz.
E o que mais deve fazer um estudante interessado em seguir o caminho de
João Henrique e Tábata? “Ir bem na escola, ter boas notas, contar com o
apoio dos professores e da escola e algo fundamental é estudar inglês,
ter um bom inglês, e isso em geral, envolve alguns anos pra você
conseguir ter um bom nível”, declara Edmílson Motta, professor do
cursinho.
Os dois jovens fazem planos que surpreendem. "Meu sonho é voltar para o
Brasil e conseguir de alguma forma melhorar o sistema de educação
pública”, declara João. “Trazer pesquisadores da China, da Índia, não
sei, do mundo inteiro, para que esse centro de pesquisa tenha obrigação
de trabalhar com alunos da rede pública no Brasil inteiro”, afirma
Tábata.
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